sábado, 29 de junho de 2013

Automáticos


















Dias massantes, afazeres intermináveis, coisas e mais coisas e mais coisas para preencher o nosso tempo, e nada para preencher o coração. Os dias se tornam cada vez mais curtos mas longa é a espera por algo mais, por algo que faça os dias corridos valerem a pena. Meus olhos cansam de olhar mais e mais rostos que não me dizem nada, não demonstram afeição, não esboçam emoção. Rostos cada vez menos emocionais e completamente "racionais", emblemáticos e preocupados.
A época em que vivemos é a época do descontentamento. A época onde um "boa tarde" pode realmente torná-la boa e um sorriso então? Isso porque cada vez menos se vê isso entre as pessoas. Estar vivendo num tempo assim torna a vida um tanto amarga, torna as coisas preto e branco. Olhamos para coisas lindas todos os dias, mas não vemos nada, não vemos o lindo por do sol a cada dia, não ouvimos o canto dos pássaros, nem paramos para apreciar a brisa fria num dia quente.
Cada vez mais nos tornamos seres automáticos, inorgânicos, desumanos... A corrida pelo sucesso, pelo dinheiro, nos faz cada vez viver menos as coisas simples da vida.
Só não se esqueça que nada leva-se desta vida, então porque não viver uma vida doce? Com gargalhadas, brilho nos olhos e alegria... Que tal se desconfigurar, desligar o automático e assumir o controle?
Assuma! Antes que o fechar dos olhos sejam eternos.



Jéssica Carvalho 




"Agora, não fique esperando nada dura para sempre, apenas a terra e o céu.
O tempo foge e todo o seu dinheiro não comprará outro minuto"

sexta-feira, 21 de junho de 2013

O grito é livre


O povo foi as ruas dar o grito que esteve guardado por todos esses anos, descruzaram os braços e saíram para protestar. Sinto que todos os brasileiros andam se sentindo mais leves sem guardar mais nada, agora o grito é livre! Só não se esqueçam de fechar os olhos para a pimenta não te cegar, 10 ou 20 segundinhos sem respirar para o gás não te afetar. Mas agora abra bem os olhos novamente e veja que isso tudo não é em vão. Não é baderna, não é loucura, não é pela foto no facebook, é pelo futuro da minha pequena, dos nossos pequeninos, é pelo futuro da nação. 
Muitos de nós sempre esperou por esse momento, outros nunca nem sonharam com isso. Mas dentro de cada um de nós sempre morou o descontentamento. O estopim pode ter sido os vinte centavos, mas o grito só saiu porque as gargantas não aguentavam mais o silêncio diante de tanta violência contra os nossos direitos. 

A ordem é nos parar, jogam bomba, spray de pimenta e balas de borracha, mas o que é um pouco de gás, spray de pimenta, quando já se aguentou de tudo sem nem se mexer? Quando já se viu milhares de vezes crianças que passam fome ali lado a lado com o poder legislativo, e permaneceu calado. Quer maior violência que essa? É só ir aos hospitais e ver que pais de família morrem ali todos os dias, por não ter uma estrutura que funcione. Quer violência maior que essa? É ter um dos estádios mais caros do mundo, enquanto a educação do país não vale nem um centavo. 
Já sofremos tanta violência que estamos anestesiados, as balas de borracha doem, mas não dói mais do que ver pessoas passando fome em um país tão rico. O spray de pimenta arde os olhos, nos deixa cegos por alguns segundos, mas não é pior do que anos de cegueira politica. A bomba de efeito moral é amoral, mas não é mais imoral do que a roubalheira que presenciamos calados por tantos anos. 

O Brasil acordou e que nunca mais volte a dormir.




Jéssica Carvalho